A MAGIA DO AMOR
Presépio de Natal
Em tempos bem remotos e, numa terra distante, muito para além da nossa imaginação vivia uma menina com os seus pais e os seus sete irmãos. Era a única menina no meio de tantos rapazes. Eram todos pobres em dinheiro, mas muito ricos de coração.
Tinham tão pouco e mesmo assim ajudavam quem tinha menos do que eles: se tivessem o suficiente para as crianças não passarem fome, já de davam por felizes.
A mãe costurava a roupa dos filhos com tecidos que lhes davam ou com remendos e, as crianças e os adolescentes andavam sempre bem vestidinhos e limpinhos, pois a senhora tinha umas verdadeiras mãos de fada. Se calhar, até era mesmo uma fada! Mas lá, que era bem prendada, lá isso, era mesmo!
O pai todos os dias vendia lenha e umas peças de artesanato que fazia com a madeira e a mãe fazia algumas compotas para vender com as frutas que saiam das árvores de fruto do pequeno quintal deles.
Eram uma família muitíssimo unida.
A menina desta história chamava-se Maria em homenagem à mãe de Jesus; porém, era mais conhecida como Menina dos Olhos Negros, pois os seus olhos eram de uma negritude muito bela. Dos seus pequenos grandes olhos curiosos pareciam jorrar fontes de amor eterno. Os seus cabelos eram tão negros quanto os seus pequenos e grandes olhinhos, Pequenos porque se tratava de olhos de criança e grandes porque eles eram grandes e pareciam ver tudo, até o que parecia menos visível.
A Menina dos Olhos Negros vivia numa pequena aldeia onde todas as pessoas se conheciam. Desconhece-se a terra e o país da menina; só sabemos que era muito muito longe e que esta história já se passou há muito tempo; mas, afinal, o que interessa isso, não é!?
Todos os anos pela altura do Natal, a mãe da menina ia a casa das famílias mais pobres do que eles dar algum conforto e ajudar de algum modo. A menina e os irmãos sabiam que não podiam ter brinquedos, Os que tinham eram velhos e também eram dados por outras pessoas. Eles não se importavam; todavia, sonhavam ter numa das noites de Natal um brinquedo novo.
A menina sonhava ter uma boneca assim parecida com ela, estão a ver. Como foi dito - ela era a mais nova dos sete filhos, Tinha apenas sete anos. O irmão mais velho já tinha 14. A mãe da menina tinha um sonho tão grande, tão grande que parecia não caber nela - ela queria aprender a ler e a escrever.
A Menina dos Olhos Negros era também muito sonhadora e sabia ler e escrever -coisa rara na altura. Nenhum dos seus irmãos sabia; nem sequer os pais.
Todas as tardes a menina ia para casa de uma vizinha, que era uma velha professora que já não dava aulas e foi com ela que aprendeu a ler. Ela ficava maravilhada com os livros que a senhora tinha. Cada vez que abria um sentia que podia sonhar mais e mais...
Então, ela abria as asas daqueles anjos de biblioteca de capas duras e bonitas e desfolhava-os, li-aos durante horas. Tantas vezes, a mãe ou um dos irmãos a ia chamar à casa da vizinha, Ela perdia-se no meio de tantos livros.
Ela sonhava que os livros ganhavam vida, mas quando acordava via que era só mesmo um sonho. Além da boneca, gostava de ter livros e de ter também livros que a fizessem voar, conhecer novos mundos, mas a sério, sem ser só apenas um sonho...
E contou isso à mãe e aos irmãos e eles riram-se a bandeiras despregadas!
- Então, ó Maria, tu achas possível mesmo? E riu-se muito!
E ela dizia:
- E, porque não? Gostava tanto que fosse verdade e viajava por todo o mundo, ajudava várias pessoas por esse mundo fora, trazia os brinquedos que vocês queriam e sobretudo gostava que um livro me levasse até ao tempo de Jesus para o ver pequenino, bem pequenino naquela manjedoura!
- Ó Maria - dizia Rui, o irmão mais velho; - não vês que isso é só um sonho...Deixa mas é esses livros que não fazem falta nenhuma e só te fazem pensar disparates!
Ela ficava triste de ouvir essas palavras e então a mãe Josefina dizia:
- Vá, deixem lá a vossa irmã. A culpa não é dos livros...ela tem só 7 anos ou vocês já se esqueceram que também eram sonhadores?!
- Sim, mamã, mas ela sonha demais e passa muito tempo na casa da vizinha -respondia Alberto, o filho mais novo depois do Rui.
E os outros irmãos que faltavam: Paulo, Pedro, António e o Carlos responderam em coro:
- Ó mamã, o Alberto tem razão.
Então Josefina, reuniu-se com Jerónimo -o pai das crianças e ele achou que ela passava tempo demais na casa da professora e, que era mau ela ler muitos livros
Ele dizia:
- Queres os livros para quê!? Nós, não sabemos ler e depois?! Os livros não fazem falta!
Triste e cabisbaixa, Josefina chorava -ela sempre quis aprender a ler e a escrever e a ter livros. Ela via na filha a criança que nunca foi.
A Menina dos Olhos Negros ficou triste também e os seus olhos choraram tanto que as lágrimas ficaram tão negras quanto os seus olhos e os seus cabelos.
- O que tem ela? - perguntavam-se todos?
- Porque é que as lágrimas dela são negras? -perguntava o pai.
Mas ninguém sabia a resposta e, então, decidiram falar com a vizinha e ela disse:
- A menina só quer ler e não tem mal nenhum sonhar e ela é uma criança muito especial.
A professora chamava-se Maria Emília e chamou a mãe da menina para falar com ela.
- Sabe, Josefina, a sua menina é muito inteligente, bonita e especial e eu posso conceder os desejos dela se ela assim o quiser. Eu sou uma fada dos desejos e você também é, só que perdeu os poderes ao se casar com o seu marido e já não se lembra de quem foi. A sua filha herdou isso da senhora - ela é uma fadinha amorosa e bondosa e com uma missão muito especial. Deixe-a lá sonhar...e, um dia, os sonhos virarão realidade! Não acredita?
- Sim, D. Maria Emília, eu acredito que ela é especial, mas não acredito em fadas.
- Ah, não, então, veja estas imagens da sua infância! - retorquiu a professora fada.
- Ai, já não me recordava disso. Depois de ver as imagens, sorriu!
- E, então, Josefina, a sua menina pode cumprir a sua missão?
- Sim, mas qual é mesmo essa missão?
. Eu já disse - é espalhar amor por esse mundo fora -esse mundo de desamor, só o amor puro de uma criança pode sarar as feridas do mundo e, para isso, ela tem de primeiro ver o Menino Jesus, conviver com ele enquanto criança e continuar a perpetuar os sues ensinamentos, mas sem os esquecer,como fazem muitos dos Homens.
Como a mãe da Menina dos Olhos Negros anuiu, um dos livros ganhou mesmo asas e levava-a a voar por esse mundo fora a espalhar amor e caridade, no fundo, a espalhar o espírito de Natal que se foi perdendo com o tempo.
A Menina dos Olhos Negros foi ter a Belém e viu o Menino Jesus naquela grutinha de animais nas palhinhas. Ele no meio e a sua mãe Maria e o seu pai José olhavam para ele com os olhos cheios de amor.
Porém, perguntam-se vocês, mas então, a menina partiu e deixou a sua família? Claro que não, como no mundo das fadas e dos livros mágicos é possível estar em vários locais ao mesmo tempo - chama-se isso o dom da ubiquidade, a menina conseguia estar nos locais por onde viajava e estar em casa.
Os livros mágicos eram também como uma máquina do tempo, um portal que permitiam à menina viajar quer pelo passado, quer pelo futuro.
Ela não podia mudar directamente o rumo dos destinos; conquanto, podia levar as suas lições de amor por todo o mundo e quem melhor que uma doce criança para o fazer.
Voltando ao tempo de Jesus...com o decorrer do tempo, esta criança tornou-se amiga de Jesus e ele foi o seu grande mestre das lições de amor. Após a sua morte. esta menina que nunca cresceu e ficou sempre menina...espalhava o amor e a bondade pelos corações dos Homens sem fé e sem amor.
No entanto, Maria ou a Menina dos Olhos Negros tinha outra missão: recuperar o espírito do Natal de outros tempos.
Viajando pelos tempos futuros, a Menina viu que tinha que resgatar o Natal do passado, tal como no livro de Charles Dickens que ela lia vezes sem conta: «Um Conto de Natal».
Uma parte significativa da humanidade alheou-se do verdadeiro espírito de Natal . Inclusive um velhinho amoroso de barbas tornou-se mais importante do que o Menino Jesus. Sim, o Pai Natal é importante e deve ser mas não mais que o Menino salvador dos Homens. Todavia, o problema não era só esse: uma sede consumista invadia muitas pessoas no Natal -o comprar, os presentes e comprar só por comprar e havia coisas que nem era necessário comprar. As crianças, muitas vezes, porque tomavam o exemplo dos adultos e da sociedade no geral, achavam que o Natal era sobretudo receber prendas, mas não era.
O Natal é amor, é estar em família, é celebrar o nascimento do Menino, o Natal são 365 dias por ano e não só no dia 25 de Dezembro; esse é apenas um dia convencionado. É na altura do Natal convencionado que se vê de facto a ajudar mais o próximo e, já é muito bom; só que o Natal deve ser perpetuado sempre e era isso que Maria fazia tão bem, ao contar as suas histórias, ao ajudar os mais pobres e todos os que precisassem de ajuda.
Em todos os locais que ia, encontrava sempre alguém que a ajudasse; afinal, nem só de maldade vive a humanidade, não é verdade?!
E ela via coisas tão lindas: o majestoso mar com as suas ondas e espuma que o beijava, os rios e os lagos com a sua beleza e os seus habitantes aquáticos. O céu, a terra, as águas...eis a grande manifestação da beleza de Deus -as montanhas, as flores, todos os animais. E era como se ela elevasse o seu coração ao céu, à terra, às aguas, às plantas, aos animais e a todas as criaturas sencientes (aquelas que podem sentir) ou as não sencientes - o sopro do amor do seu coração que pode ser leve como um ténue vento calmo e apaziguador. A Menina dos Olhos Negros levava amor a todos...o Amor é mais brilhante do que o Sol e do que a todas as estrelas do Universo.
Esta menina era um verdadeiro ser de luz e, cada vez que ela fazia algo de bom, mais brilhante e luminosa ela ficava.
Lá na casa da sua família, já o pai dizia com orgulho:
- A minha filha é como um anjo -que linda que é e eu que a proibi de ler. Vou ter de lhe pedir desculpas.
Dizia a mãe: - Claro que tens- gostar de livros e saber ler, escrever e sonhar não tem mal nenhum. Quando ela estiver cá de novo, pede desculpa à tua filha e vocês os sete devem também pedir desculpas à vossa irmãzinha, ouviram?
Eles repetiram em uníssono:
- Mas é claro que sim, mamã - fomos injustos com a Maria.
De repente a menina entra em casa e todos dizem em conjunto:
- Desculpa, Maria, por termos sido duros contigo.
E ela retorquia sempre sorridente:
- Oh, não faz mal estão perdoados! E agora vou a vizinha buscar mais livros para poder viajar.
Como ela era uma pequena fada ela não morria... Nem ela nem a mãe, nem a fada professora. Mas o seu pai e os seus irmãos morreram. A menina preferia dizer que eles foram apenas viajar.
Mais tarde, também a mãe a vizinha se juntaram a ela e levavam a luz do amor ao coração das pessoas e o espírito do Natal passado à alma da Humanidade. A tarefa era tão difícil, mas quem sabe, se um dia a missão estaria por fim terminada e toda a humanidade vivesse em amor e se lembrasse doe ensinamentos de amor de Jesus, de olhar e de ajudar o irmão que precisa. Afinal é o amor que cura tudo.
Ah e, para finalizar já me estava a esquecer, como a Menina dos Olhos Negros também gostava de escrever e de ler -ensinou a sua mãe e enquanto os irmãos eram vivos e o pai, levava-lhes sempre amor e uns pequenos presentes. A menina escrevia as suas aventuras nos seus diários; sim, diários, porque ela passou por muitos tempos e espaços e um só diário não dava. E começava sempre assim:
Querido diário, querido Deus, ensina a humanidade a viver e a praticar o amor, só assim poderá viver sem dor.
Ainda hoje essa menina anda por aí a espalhar amor e a resgatar o espírito do Natal nos vossos corações: estejam atentos -é só procurá-la dentro de vocês mesmos e dentro do vosso coração. Em todos os corações há uma menina que clama por amor.
E abri as páginas do livro do vosso coração e viajai, sonhai e praticai a receita do amor e da bondade através delas!
Escutai a Menina dentro de vós.desfolhai o livro do Vosso Coração e da vossa alma para finalizar o Livro da Vida e do Mundo em paz e amor! Feliz Natal do presente, mas sem nunca esquecer os valores do passado!
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