sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Ainda o Desconcerto do Mundo


Já escrevia o  ditoso poeta, com pena,
Sobre o desconcerto do Mundo...
Tinha a consciência plena...da...
Humanidade afogada num poço profundo!


Mudam-se os tempos e as vontades
Até a confiança e o nosso ser...
Por que insiste o Homem em maldades?
Ai, artérias entupidas dum Coração a sofrer!


Eu, com olhos da cor do limão,
Nos campos das meninas do meu olhar
Vejo também a ignóbil e vil destruição
Ó,  Humanidade sem saber amar!

Alma minha, gentil, que não quer partir
Não, não, quero ficar descontente...
Talvez ainda possamos deleitosamente sorrir,
Por ainda haver, Humanidade de alma fulgente!

O Homem também pode, a cura ser;
Deste mundo ferido que dói, mas faz sentir,
Que apela ao fogo que arde sem se ver
O amor que desatina para nos fazer progredir!

Que o Amor não morra como Dinamene,
Que cante o peito ilustre da Felicidade
Para que não seja sentimento perene
Neste desconcerto que...
Procura a Ilha dos Amores em tom solene!

Versos inspirados em Camões e alguns dos seus versos
O Desconcerto do Mundo continua actual, mas o remédio continua a ser o mesmo, o Amor na esfera de um infinito sem igual!









terça-feira, 4 de agosto de 2015

A Princesa Grão de Arroz



Não vamos começar esta história por: «era um vez» - é uma seca a valer e, esta vai ser uma história fixe, podem crer! 

Esta será uma história moderna com algumas influências do passado; mas, certamente irão passar aqui neste Reino da Imaginação -um bom bocado!

A Princesa Grão de Arroz não era uma princesa  dita normal; todavia, ela era bem especial.

Vivia no longínquo Reino das Lezírias Encantadas, a seguir à localidade das Ervas Douradas! 
Aquele reino encantado estava cheio de arrozais -as lezírias, que em vez de milho, o primeiro grão de arroz era sempre para os pardais.

Era lindo aquele reino encantado de arrozais e de míriades de flores: local ideal para viver grandes amores -  local romântico, belo e de muitas cores variadas, com lagos e rios e chilreadas musicadas!

Na terra da Princesa, apesar de alguns problemas, como é natural -vivia-se em clima de harmonia, até que um dia... as coisas mudaram e a maldade atroz instalou-se nesta terra outrora de alegria.

Aquela era a cidade da democracia - era um reino, mas era o povo que  o novo rei ou rainha, escolhia. 

Só que um dia, como acontecia tantas vezes em outros reinos, o povo votou mal, porque confiou num aldrabão e corrupto sem igual!
História que, com certeza vos parece familiar; porém, para a conhecer melhor vou ter de vos contar.

Corruptus Horribilis era um homem bem falante, que parecia de confiança; todavia, era um homem não de confiança, mas ao invés era cheio de manha e de exuberância.

Usava a política para se promover, encher-se à custa do povo, fazendo-o sofrer.

A Princesa Grão de Arroz, que se chamava assim por ser baixinha; estava agora ainda mais pequenina. Como a princesa e a família eram pessoas influentes e queridas naquela cidade - o terrível homem chamou um bruxo seu amigo que lançou um feitiço para toda a eternidade!

Ela ficou condenada a ser do tamanho de um grão-de-arroz   - mais pequena do que o Pequeno Polegar; bem mais do que possam imaginar!

O seu pai, o Rei Arroz Carolino e a sua mãe Arroz Agulha, por ser muito delgadinha, foram condenados a ficar também em grão, mas dentro de uma saquinha.

Teria de haver uma solução para reverter o feitiço e quebrar o enguiço.

Enquanto isso, quem poderia realmente fazer algo mais pela cidade tinha sido vítima do Corruptus Horribilis -ser grotesco, até mesmo dantesco! Até os habitantes do Reino das Lezírias Encantadas poderiam alguma coisa fazer; era tal o adormecimento, o medo de lutar, que até parecia que esse ser horrendo os estava a hipnotizar. E, talvez, fosse mesmo uma hipótese a explorar!

O povo sem voz, cansado, que não ousava lutar - precisavam de um líder para os poder guiar.

A Princesa Grão de Arroz lá bem do alto da sua pequeníssima estatura -  era a única capaz de levar a cabo tamanha envergadura.

Porém...primeiro teria de descobrir, a maneira de quebrar o feitiço e descobrir o seu elixir. Não, para ela, não poderia haver eternidade e, por isso, procurou o Anjo da Bondade.

Então, o Anjo da Bondade, disse:
- Cara Princesa, a bondade e o amor são a resposta procurada, mas olha que é preciso que lideres o teu povo, que tanto sofre com tanta maldade comprovada. Não te esqueças que todos devem lutar; caso contrário, o feitiço não se desfaz - é isso, que é preciso ser feito, mas a humanidade é tão fugaz!...
 - Obrigada, amigo Anjo, assim irei fazer -respondeu a Princesa. 

E, assim, partiu a princesa confiante, esperançosa e destemida, destinada a ser líder de um povo de vida sofrida.

Com a sua inteligência e esperteza arquitectou um plano com o princípe e a princesa da terra vizinham que também quiseram ajudar...Não gostavam de ver um povo triste e a definhar! 

Decidiram, assim, que o melhor modo de derrotar o vilão seria com inteligência: fazê-lo provar do próprio veneno e, deste modo, apanhá-lo nas suas mentiras e crimes em pleno!

Todos sabiam também como era vaidoso e gabarolas - conceberam um plano em que ele pensava que iria ter o poder; só que era apenas uma armadilha para o pôr a correr. Ele acabava sempre por adulterar o resultado das eleições - por isso, ganhava sempre nem que fosse a feijões!

Todavia...os seus dias de «reinado» estavam a chegar ao fim; iria ser julgado e devolver a todos o roubado pilim.

Castigado, preso e envergonhado - o horrível homem teve o justo fado!

Os feitiços quebraram-se: o povo voltou a eleger o seu candidato democraticamente; ou melhor, candidadata, porque quem ganhou foi a Princesa Grão de Arroz, naturalmente. O seu pai e a sua mãe ajudavam-na também; mas, quem governava com ela era a princesa da terra mesmo a seguir...a Princesa do Belo Sorrir.

O seu irmão o Princípe Contente também acabou por o Reino das Lezírias, adoptar e conheceu um belo rapaz com o qual se quis casar.

A Princesa Grão de Arroz, bela, mas não tão pequenina, casou com a Princesa do Belo Sorrir - sorridente e com ar de menina.

Viveram felizes até o seu amor durar e esperemos que seja para sempre, para o poderem perpetuar!

E, assim, termina esta história moderna e pensada também no presente; porque o que interessa é o Amor, lutar pelo que se acredita, não cruzar braços e também não marginalizar quem é diferente.

Cada um é feliz à sua maneira, esta é uma grande lição; outra é que todos erramos, mas juntos podemos lutar contra a corrupção!



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sábado, 1 de agosto de 2015

O potencial turístico de Esmoriz -O valor de um diamante ainda pouco esculpido

O sector do turismo continua a crescer em Portugal, somámos prémios, atrás de prémios; claro que nada é perfeito e nos falta colmatar algumas falhas, reinvestir em novos produtos e serviços, identificar novos mercados, apostar em mais promoção e descobrir os diamantes turísticos ainda em bruto, ou quase em estado bruto. É nestes diamantes quase em bruto, que podemos colocar Esmoriz.
Esmoriz, é assim, um diamante valioso que ainda não foi suficientemente esculpido. Ainda vamos a tempo; penso que já vê soprar ventos de mudança. Vivemos num país que recebe os visitantes de braços abertos: Esmoriz, não é excepção.

Todos sabemos qual é o nosso principal ex-libris e vou começar pela Barrinha de Esmoriz e, espero que seja desta, que o problema seja sanado. Contudo, não convém esquecer que o problema também está a jusante: as indústrias não podem continuar a poluir e os resíduos virem parar ao nosso rio e, consequentemente à Barrinha. Espero que essas indústrias respeitem também a parte que lhes compete. Afinal, a Barrinha, constitui um património riquíssimo.

À parte dessas questões, a Barrinha de Esmoriz, é mais um dos nossos diamantes em bruto. A beleza ainda lá está, nesta majestosa rainha envergonhada, sem coroa, que perdeu a beleza de outros tempos, mas que ainda encerra mesmo assim beleza e uma variedade de fauna e de flora imensas e, claro faz parte da Rede Natura 2000.

Eu sou ainda jovem, sou filha da geração de 80, nascida mesmo em 1980 e guardo alguma mágoa, confesso, porque não vi, não me recordo da Barrinha de outros tempos: falam da beleza, dos barcos que lá havia, dos veraneantes que nos vinham visitar também por causa dela. Eu não vi nada disso; outros jovens como eu ou mais jovens, também não. Temos mesmo de devolver a coroa a esta rainha: é esse o nosso dever e sobretudo o dever do poder político, que, parece que, desbloqueou o problema e, fala-se finalmente na sua reabilitação. Todos os esmorizenses, certamente, esperam que sim, pois já ouvem promessas há anos; mas vamos acreditar que sim; afinal, a esperança, dizem é a última a morrer!

Deixemos a nossa rainha e passemos às nossas princesas: as praias. Temos bonitas praias, com bastante qualidade, praias com bandeira azul. A Praia da Barrinha estende-se com o seu extenso e branco areal. A Praia do Cantinho, é mesmo um cantinho de emoções, pequena, mas onde muita gente gosta de se banhar. A Praia Velha ou dos Pescadores, lá continua meia selvagem e bela piscando o olho a Cortegaça.
Temos a mata, temos agora o Parque do Buçaquinho que dividimos também com Cortegaça: um parque único, cheio de dinamismo e biodiversidade. Um local a conhecer por todos.
Esmoriz é uma cidade muito bem servida, tal como todo o concelho de pistas para ciclistas. Também penso ser um campo a explorar mais ainda.

Temos o dinamismo e o saber receber da população, um hotel que está bem apetrechado, temos também as guest-houses, hostels mais ligados ao surf. Temos por isso, também um mar de excelência para o surf e o body-board e outros desportos marítimos. Até já Mc Namara se rendeu aos nossos encantos e veio cá baptizar o seu filho Barrel. Não, não foi só a Nazaré; foi também Esmoriz.
Na minha opinião, o turismo deve assentar nos dias que correm numa base de sustentabilidade; pois, tudo tem o verso e o reverso: o turismo tem muitas coisas de bom, mas há também que precaver, preservar a natureza ao máximo, porque também traz outros impactos menos positivos. No entanto, é ele que nos pode fazer ser mais conhecidos e, as pessoas, certamente gostarão e voltarão; além de ser uma fonte de receita para a nossa terra.

Com a ajuda de todos nós, do poder político, seja da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal e do próprio Governo e dos apoios que se dão ao turismo, podemos ir mais longe; pelo menos, é assim que penso. Já há melhorias; mas, penso que deve haver mais divulgação e melhorar podemos sempre: e temos tudo para ser vencedores também no campo turístico.
Todo o nosso concelho tem potencial, mas é de Esmoriz que estamos a falar e temos um potencial enorme que precisa apenas de ser mais explorado.
Esmoriz não tem um produto gastronómico típico, há as caldeiradas, mas não se pode dizer que tenham nascido mesmo cá. Se calhar deveríamos criar um produto gastronómico ligado ao mar ou até também um ligado à doçaria. De certeza, que encontraríamos pessoas cá criativas e com talento para criar esses produtos.

Também temos artesãos, que fazem não só os barris, tão característicos da arte de tanoaria. Sim, Esmoriz, terra ligada à tanoaria; pode não ser como em tempos idos; não obstante, esta, estará sempre ligada a esta cidade e a tanoaria também seria importante para o turismo, também como núcleo museológico aberto ao público.

Temos também tantos artesão e deveríamos ter também artesanato certificado. Um produto certificado, que os turistas pudessem associar a Esmoriz, mas devidamente identificado, catalogado, para que os turistas possam procurar por produtos ou por um produto típico de Esmoriz e poder comprar aos nossos comerciantes. Podemos até pensar logo nos barris, mas, se assim é, deveriam estar referenciados e deveriam ser vendidos um pouco por todo o lado. Com isto, não quero dizer que não possa haver outros produtos ligados por exemplo, à arte xávega ou outros; afinal, a cidade está cheia de grandes talentos.

Penso que também seja importante haver mais informação turística sobre a nossa cidade, quer via papel, como panfletos, desdobráveis, quer também via digital. O site de Esmoriz deveria ser melhorado e acrescentada lá mais informação turística. Deveria até existir uma base de dados com empresas e todo o tipo de comércio, todo o tipo de informação útil, incluindo restauração, onde seria dada a informação do que poderiam comer, onde, preços... Se as pessoas quisessem, peixe fresco, seria dada a informação para ir a este ou àquele restaurante.

Já vemos mais dinamismo e melhorias: foi bom ver o Arraial da Barrinha, que trouxe gentes de fora também cá. Foi mesmo uma festa de excelência a vários níveis e trouxe artistas de grande qualidade, incluindo os GNR. Tivemos antes a festa do Senhor dos Febres, a festa de S.João. No plano cultural também penso que se têm feito várias coisas interessantes e em Agosto virão as festas: Senhor dos Aflitos e Senhor da Boa Viagem.

Também podemos explorar mais o património arquitectónico: não é o nosso património mais valioso, sem dúvida, é mais a Natureza; mas a nossa Igreja Matriz é bonita, a Capela da Penha é um pequeno tesouro, o Palacete dos Castanheiros, onde está situada a Biblioteca e a Universidade Sénior.
Esmoriz é também uma terra de poetas e por onde passou também uma poetisa ilustre: Florbela Espanca: é hora de a devolver a Esmoriz...não nasceu cá, nasceu em Vila Viçosa mas morou cá 2 anos da sua vida: há que tentar fazer algo pela casa onde ela morou no lugar da Casela: essa casa deveria ser um núcleo museológico; seria a melhor maneira de homenagear tão ilustre senhora que tivemos a morar cá e, além disso, turismo, pode ser também no âmbito cultural. E ela é mais uma rainha a quem devemos devolver a coroa.

E, tornando a mencionar rainhas, a maior rainha de todas nem é a Barrinha de Esmoriz, nem mesmo, a majestosa poetisa que nos «adoptou» 2 anos; mas sim, a cidade Esmoriz num todo. O turismo poder ser o diamante mais brilhante na coroa da nossa rainha: ajudemos todas a lapidá-lo mais ainda! A rainha merece!


Ana Amélia Ferreira Roxo - Licenciada em Estudos Portugueses e Alemães, Escritora e Técnica de Turismo Rural e Ambiental.
Texto Escrito segundo o antigo Acordo Ortográfico