O sector do turismo continua a crescer em Portugal, somámos prémios, atrás de prémios; claro que nada é perfeito e nos falta colmatar algumas falhas, reinvestir em novos produtos e serviços, identificar novos mercados, apostar em mais promoção e descobrir os diamantes turísticos ainda em bruto, ou quase em estado bruto. É nestes diamantes quase em bruto, que podemos colocar Esmoriz.
Esmoriz, é assim, um diamante valioso que ainda não foi suficientemente esculpido. Ainda vamos a tempo; penso que já vê soprar ventos de mudança. Vivemos num país que recebe os visitantes de braços abertos: Esmoriz, não é excepção.
Todos sabemos qual é o nosso principal ex-libris e vou começar pela Barrinha de Esmoriz e, espero que seja desta, que o problema seja sanado. Contudo, não convém esquecer que o problema também está a jusante: as indústrias não podem continuar a poluir e os resíduos virem parar ao nosso rio e, consequentemente à Barrinha. Espero que essas indústrias respeitem também a parte que lhes compete. Afinal, a Barrinha, constitui um património riquíssimo.
À parte dessas questões, a Barrinha de Esmoriz, é mais um dos nossos diamantes em bruto. A beleza ainda lá está, nesta majestosa rainha envergonhada, sem coroa, que perdeu a beleza de outros tempos, mas que ainda encerra mesmo assim beleza e uma variedade de fauna e de flora imensas e, claro faz parte da Rede Natura 2000.
Eu sou ainda jovem, sou filha da geração de 80, nascida mesmo em 1980 e guardo alguma mágoa, confesso, porque não vi, não me recordo da Barrinha de outros tempos: falam da beleza, dos barcos que lá havia, dos veraneantes que nos vinham visitar também por causa dela. Eu não vi nada disso; outros jovens como eu ou mais jovens, também não. Temos mesmo de devolver a coroa a esta rainha: é esse o nosso dever e sobretudo o dever do poder político, que, parece que, desbloqueou o problema e, fala-se finalmente na sua reabilitação. Todos os esmorizenses, certamente, esperam que sim, pois já ouvem promessas há anos; mas vamos acreditar que sim; afinal, a esperança, dizem é a última a morrer!
Deixemos a nossa rainha e passemos às nossas princesas: as praias. Temos bonitas praias, com bastante qualidade, praias com bandeira azul. A Praia da Barrinha estende-se com o seu extenso e branco areal. A Praia do Cantinho, é mesmo um cantinho de emoções, pequena, mas onde muita gente gosta de se banhar. A Praia Velha ou dos Pescadores, lá continua meia selvagem e bela piscando o olho a Cortegaça.
Temos a mata, temos agora o Parque do Buçaquinho que dividimos também com Cortegaça: um parque único, cheio de dinamismo e biodiversidade. Um local a conhecer por todos.
Esmoriz é uma cidade muito bem servida, tal como todo o concelho de pistas para ciclistas. Também penso ser um campo a explorar mais ainda.
Temos o dinamismo e o saber receber da população, um hotel que está bem apetrechado, temos também as guest-houses, hostels mais ligados ao surf. Temos por isso, também um mar de excelência para o surf e o body-board e outros desportos marítimos. Até já Mc Namara se rendeu aos nossos encantos e veio cá baptizar o seu filho Barrel. Não, não foi só a Nazaré; foi também Esmoriz.
Na minha opinião, o turismo deve assentar nos dias que correm numa base de sustentabilidade; pois, tudo tem o verso e o reverso: o turismo tem muitas coisas de bom, mas há também que precaver, preservar a natureza ao máximo, porque também traz outros impactos menos positivos. No entanto, é ele que nos pode fazer ser mais conhecidos e, as pessoas, certamente gostarão e voltarão; além de ser uma fonte de receita para a nossa terra.
Com a ajuda de todos nós, do poder político, seja da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal e do próprio Governo e dos apoios que se dão ao turismo, podemos ir mais longe; pelo menos, é assim que penso. Já há melhorias; mas, penso que deve haver mais divulgação e melhorar podemos sempre: e temos tudo para ser vencedores também no campo turístico.
Todo o nosso concelho tem potencial, mas é de Esmoriz que estamos a falar e temos um potencial enorme que precisa apenas de ser mais explorado.
Esmoriz não tem um produto gastronómico típico, há as caldeiradas, mas não se pode dizer que tenham nascido mesmo cá. Se calhar deveríamos criar um produto gastronómico ligado ao mar ou até também um ligado à doçaria. De certeza, que encontraríamos pessoas cá criativas e com talento para criar esses produtos.
Também temos artesãos, que fazem não só os barris, tão característicos da arte de tanoaria. Sim, Esmoriz, terra ligada à tanoaria; pode não ser como em tempos idos; não obstante, esta, estará sempre ligada a esta cidade e a tanoaria também seria importante para o turismo, também como núcleo museológico aberto ao público.
Temos também tantos artesão e deveríamos ter também artesanato certificado. Um produto certificado, que os turistas pudessem associar a Esmoriz, mas devidamente identificado, catalogado, para que os turistas possam procurar por produtos ou por um produto típico de Esmoriz e poder comprar aos nossos comerciantes. Podemos até pensar logo nos barris, mas, se assim é, deveriam estar referenciados e deveriam ser vendidos um pouco por todo o lado. Com isto, não quero dizer que não possa haver outros produtos ligados por exemplo, à arte xávega ou outros; afinal, a cidade está cheia de grandes talentos.
Penso que também seja importante haver mais informação turística sobre a nossa cidade, quer via papel, como panfletos, desdobráveis, quer também via digital. O site de Esmoriz deveria ser melhorado e acrescentada lá mais informação turística. Deveria até existir uma base de dados com empresas e todo o tipo de comércio, todo o tipo de informação útil, incluindo restauração, onde seria dada a informação do que poderiam comer, onde, preços... Se as pessoas quisessem, peixe fresco, seria dada a informação para ir a este ou àquele restaurante.
Já vemos mais dinamismo e melhorias: foi bom ver o Arraial da Barrinha, que trouxe gentes de fora também cá. Foi mesmo uma festa de excelência a vários níveis e trouxe artistas de grande qualidade, incluindo os GNR. Tivemos antes a festa do Senhor dos Febres, a festa de S.João. No plano cultural também penso que se têm feito várias coisas interessantes e em Agosto virão as festas: Senhor dos Aflitos e Senhor da Boa Viagem.
Também podemos explorar mais o património arquitectónico: não é o nosso património mais valioso, sem dúvida, é mais a Natureza; mas a nossa Igreja Matriz é bonita, a Capela da Penha é um pequeno tesouro, o Palacete dos Castanheiros, onde está situada a Biblioteca e a Universidade Sénior.
Esmoriz é também uma terra de poetas e por onde passou também uma poetisa ilustre: Florbela Espanca: é hora de a devolver a Esmoriz...não nasceu cá, nasceu em Vila Viçosa mas morou cá 2 anos da sua vida: há que tentar fazer algo pela casa onde ela morou no lugar da Casela: essa casa deveria ser um núcleo museológico; seria a melhor maneira de homenagear tão ilustre senhora que tivemos a morar cá e, além disso, turismo, pode ser também no âmbito cultural. E ela é mais uma rainha a quem devemos devolver a coroa.
E, tornando a mencionar rainhas, a maior rainha de todas nem é a Barrinha de Esmoriz, nem mesmo, a majestosa poetisa que nos «adoptou» 2 anos; mas sim, a cidade Esmoriz num todo. O turismo poder ser o diamante mais brilhante na coroa da nossa rainha: ajudemos todas a lapidá-lo mais ainda! A rainha merece!
Ana Amélia Ferreira Roxo - Licenciada em Estudos Portugueses e Alemães, Escritora e Técnica de Turismo Rural e Ambiental.
Texto Escrito segundo o antigo Acordo Ortográfico
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