E, desassossegado, sentia...
Que pegava no coração
E o colocava na sua mão.
Ó que triste e impávida ironia,
Ele, que em grãos de areia se dividia!
Num deserto de dor, perdido...
Vivo, mas como se tivesse morrido!
Como a folha que da árvore caía,
Aquele coração de outonal nostalgia
Vermelho, castanho, amarelado...
Que é a árvore despida do meu fado!
Neste mundo de desconcertação...
No qual, quem mais sofre é o coração...
Já outro enorme poeta sabiamente cantava...
A dor e a impiedade que no mundo grassava.
Ainda hoje vemos que é assim...
Nesta desfaçatez desumana sem fim...
Seres humanos a os outros pisar,
Sem pensar que a justiça irá chegar!
Mesmo que tarde bem e bastante,
Essa justiça que parece injusta e errante...
Que transforme a imensa dor lacinante
E os grãos de areia em brilhante diamante!
Para que esse diamante, mesmo por lapidar
Seja como um coração de vida a palpitar...
Porque sendo verdadeiro e bondoso,
Emana de si mesmo o brilho mais valioso!
Tantas vezes em desassossego constante
Vagueia o meu coração como um emigrante
Que procura no país da justiça celeste,
Melhores condições que nesta esfera terrestre.
Tal como Bernardo Soares uma vez mais,
Com a alma só comovida e em ais
Sonho... mas ainda com muito de vida,
Mesmo em dias de tristeza indefinida!
24 de Janeiro de 2017
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