quinta-feira, 9 de abril de 2015

Os meus sonhos de encantar

Os meus sonhos de encantar

Sou um manancial de sonhos

De sonhos por realizar

Sonho que estou numa ilha

Com praias de encantar.


Sonho que sou uma gaivota,

Que voa sobre o mar,

Procurando na espuma,

O salgado sabor do mar.



Sou um barco ancorado,

Por vezes, perdido,

Por vezes, encontrado

Iluminado pelo farol

Do meu árduo fado.



Sou uma princesa

De um conto de encantar

Que tenta vencer a bruxa

Que me tenta derrubar!



Sonho que sou poetisa

Poetisa do meu sonhar

Escrevendo com o coração

Um sonho de encantar!



Sonho que sou um jardim perfumado

Com flores de encantar

Que, com a sua beleza,

Nos incitam a amar!


Sou uma ave alada,

Que voa nas alturas

Que canta para o mundo

As suas desventuras.



Sonho que sou uma fénix

Uma fenix renascida

Que renasci das cinzas

Sorrindo para a vida.



Sou eu o próprio sonho

Sou eu o meu sonhar

E nas asas do meu sonho

Sonho que estou a voar.


Sou um manancial de sonhos

De sonhos por sonhar,

Perdida em sonhos,

Onde me perco para me encontrar!


Sonho que sou…

Ó, já não, sei o que sou

Sou tudo o que eu sonho

E tudo o que alguém jamais sonhou!

Curriculum Vitae em Vídeo

Curriculum Vitae

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A história moderna dos pastéis de Chaves -(recontando e dando cunho novo a histórias já existentes)

O Conto dos Pastéis de Chaves
Não vou começar esta história por «Era uma vez»: já todas as histórias começam assim; então esta história vai começar de forma diferente.
Então é assim: há muito tempo, mais precisamente no já ido ano de 1862, uma pobre senhora tentava ganhar a vida pelas ruas de Chaves. Levava consigo uma cestinha que escondia um verdadeiro tesouro – nem mesmo ela sabia naquela altura que os seus bolinhos de forma estranha, acabariam por ficar famosos.
E todos os dias, ela percorria a cidade com o seu cesto de bolinhos: aqueles pastéis recheados de carne - tinham uma forma estranha e meio tosca, até: mas eram tão bons que a senhora nunca os tinha em número suficiente para todas as bocas dos flavienses.
Certamente já perceberam que se trata dos famosos Pastéis de Chaves.
Quando ela passava, logo aquele cheirinho gostoso pairava no ar: de repente tinha um bando de crianças à sua beira. E ela gostava tanto das crianças! Até um ou outro espanhol que por ali passava se encantava com aqueles doces toscos e saborosos.
Não sabemos o nome de tão ditosa e talentosa senhora, mas podemos, então, chamá-la de Almira – Almira – a fazedora de sonhos! Sim, sonhos em forma de pastel de massa folhada com carnes.
As crianças, seres imaginativos e fantasiosos por natureza acreditavam que a senhora punha uma dose de pó mágico naqueles bolinhos. Mas será que não punha mesmo?!
 - Pois eu penso que punha – além de os confeccionar muito bem, a D. Almira colocava também a dose certa de amor e isso tornava aqueles pastéis únicos!
Mas por mais pastel que fizesse era impossível sustentar a gula dos flavienses. Mesmo assim, dias após dia, debaixo de um Sol forte de Verão, debaixo de chuvas intempéries, de um frio lancinante no Inverno – todos os dias a D. Almira repetia o mesmo ritual e ia para a rua vender os seus preciosos pastéis: era esse o seu tesouro mais precioso.
Mas também havia aqueles dias crepusculares em que o Sol se punha e aquele era um verdadeiro espectáculo para os sentidos e os dias em que o Sol se despedia e a corajosa e trabalhadora senhora ainda tinha mais quilómetros a percorrer. E, quando chegava a casa - ia comer e descansar e pela madrugada começava ela a confeccionar os seus tesourinhos folhados.
Era uma mulher generosa com aqueles que não podiam pagar e tinha sempre um pastel para dar a uma criança. Havia uma em particular que a seguia todos os dias:

um menino de famílias humildes que acabava por ajudar a senhora a vender os seus bolinhos. Ela deixava alguns guardados para o menino levar para casa: assim ele e sua família não passariam fome.
Ela era uma exímia contadora de histórias (não era só os seus pastéis que chamavam a atenção de miúdos e até de graúdos); mas igualmente as suas histórias muito bem contadas e cheias de fantasia. As histórias e aqueles bolos folhados com carne faziam com que as pessoas sonhassem.
Contava histórias da sua infância, da infância dos seus filhos e inventava as suas próprias histórias entre uma e outra dentada (das crianças e até dos adultos) nos seus bolinhos mágicos.
            O sítio por onde mais gostava de andar era junto ao castelo ou então junto ao Tâmega. Já todos conheciam a simpática e bem-disposta Dona Almira e pacientemente todos os dias esperavam por ela e pelos seus bolinhos feitos com tanto amor.
Para as crianças ela e os seus pastéis é que eram os heróis. E imaginavam que a senhora voava e levava as suas mágicas iguarias.
Aquele dinheirinho que ganhava com os pastéis fazia tanta falta lá em casa, mas agora nem ela, nem os seus filhos e netos passavam mais fome.
Os gostosos pastelinhos de forma estranha mas bem deliciosa começaram a ficar famosos.
Um dia a fundadora da Casa do Antigo Pasteleiro, decidiu, então, oferecer uma libra por aquela gulosa iguaria – deste modo, os pastéis alcançaram um lugar de destaque e fazem sucesso até aos dias de hoje.

Assim o famoso pastel passou a satisfazer a gula de todos aqueles que o quisessem comer e ainda hoje faz as delícias de muitos e não só por Chaves mas um pouco por todos o país e até pelo estrangeiro, tornando-se numa verdadeira poesia de sabores.


·         História baseada em factos verídicos e atestados historicamente mas em parte ficcionada – não se sabe mais dados sobre a vendedora –o nome foi inventado e  parte da história em redor dela também) – uma história antiga transformada numa outra história.


Chuva

Chove…chove…
E torna a chover…
Caem pingas
No íntimo do meu ser!

Pinga a minha alma nubente.
Hoje de nuvens escuras
Assombradas por um presente
Com a chuva forte de amarguras!…

Ping, ping – volta a chover,
Vou a correr para não molhar
O que resta do meu ser!

O meu ser está desabrigado,
Esqueci o meu guarda-chuva…deixando
Finalmente a minha angústia no passado!

Filho

Poema ao meu filho
Um poema ao meu filho e pode ser também dedicado a todos os filhos de todas as mães e de todos os pais

Menino ladino,
Olhar espertalhão,
Menino pequenino,
Que me aquece o Coração!

Menino garoto,
Com olhos campestres…
Menino maroto
Com asas celestes!

Menino inocente,
Audaz perguntador,
Menino inteligente
Fruto mais belo,
Do mais intenso Amor!

Criança – poesia
Do sorriso de luz:
A mais intensa alegria
Sinfonia, que seduz!

Criança-bondade,
Das palavras belas,
Que profere com intensidade,
O valor das coisas singelas!

Filho carinhoso,
Que o destino, pintou.
Filho ditoso que o
Destino me presenteou!

Filho dos cabelos
De um tom doirado:
Os fios mais belos,
Do meu querubim amado!

Menino – pintado de amor,
Obra de arte pintada -
Tela pincelada a cor,
Traçada a madrugada!

Filho, filho do Coração,
Poesia, conto, drama,tragédia,
Teatro, literatura, sétima arte,
Por vezes, divina comédia…
Actor principal, bandeira, estandarte….

As Novas Aventuras do Cão Vicente - Na (In)Segurança Social

A pedido de vários cãoterrâneos, entra de novo em cena o Cão Vicente: o cão pestilento, aldrabão, mafioso e doente.
Logo, após, a condenacão de cão em questão, descobriu-se mais uma maquinacão do grandíssimo aldrabão.
Tal como alguns «pulhíticos» e outros cães de caça (que é tudo da mesma raça) do nosso país Natal, também o Cão Vicente tinha problemas com o Fisco e a (In)segurança Social.
Ele não queria pagar impostos, não queira pagar nada - queria alguma isencão fiscal como aconteceu com determinadas «Passoas» e outros assim que tal.
Ficou a dever alguns meses e logo lhe caíram em cima: já não bastava estar também preso e ter como vizinha a fina Cãocumbina.
Foi marcado novo julgamento para tratar desta últimas questões e lá ia o Cão Vicente ficar sem os seus últimos tostões.
Na manhã antes do julgamento, teve direito a cãomida especial: um prato de bacão gordurento e sem sal.
Já estava tão cão(fundido) sobre o que iria ladrar, a sua cãoduta já era famosa e todos podiam isso, cãostatar!
O Cão Vicente queria aproveitar aquele pequeno momento em liberdade no tribunal e, acãoselhado pelo Cão Crodilo, queria ver se dava corda às patas e fugir daquilo.
Estava tão fo… fo…fotografado e até apareceu a televicão no julgamento, tal foi o mediatismo que mais parecia um vip cãosamento!
E, por falar em vip, o cão prepotente, também queria fazer parte de uma tal lista Vip que já é do conhecimento de toda a gente!
Porém, ele de importante não tinha nada: e já não tinha cãocerto: de tão descãocertado que estava já ficava obsoleto.
O nosso cão foi cãodenado a pagar o que devia – foram à sua cãota-cãorrente, que logo ficou vazia!
Teso que nem um virote, com uma cãojectura de desfavorecimento, não cãoseguiu fugir e foi de novo dentro!
Novamente, estava esvaporido e aquilo que não digo …
Cãoquanto, piores que o Cão Vicente, são aqueles que são cães de grande porte, pequenos lixam-se e aos grandes ainda lhes perdoam o calote!
Ser do Zé Cãozinho é sempre uma cãofusão e uma tristeza sem cãodão e quem se lixa sempre é sempre o mexilhão!
Observação: o termo «Passoas» não foi inventado por mim.

As Novas Aventuras do Cão Vicente

A praga de pulgas, cãorraças, cãorrapatos e traças
E, agora, no chilindró, como o preso 44, se apresenta o famigerado Cão Vicente: o cão que além de aldrabão, desgraçado; é também incãosequente!
Como sabem, o afamado Cão Vicente desviou cãopital: foi parar à prisão, depois de passar para o hospital. Vendia produtos que eram de cãotrefacção e, por isso, acabou no buraco, pois então!
Estar naquele cubículo em Cãoimbra era uma descãosolação de primeira: não podia ir à zona fina e ir ter com a cadela cãocumbineira.
Não recebia visitas, à excepcão do Cão Crodilo - era o amigo de sempre; apesar disto e daquilo!
Bem, lá à frente, na prisa feminina, ele soube que estava lá a sua ex - a Cadela CãocerTina, que, como sabemos, depois de o deixar, também aderiu ao negócio de área fina. Ela tinha sido também presa por crime de cãolarinho branco e, até, foi cãoplice de um assalto a um banco!
A sua querida mãezinha, a ex-sogra do Cão Vicente, também tinha sido enclausurada como cãoplice da filha e ter sido sempre cãoplacente.
Ao saber que o seu querido ex-marido, estava no hotel com gradeamento mesmo em frente, mandou-lhe um pequeno presente. Dentro de uma caixinha estava um presente envenenado: uma cãotidade enorme de pulgas, cãorrapatos, cãorraças, que fizeram do pêlo do cão, alojamento gratuito: até havia traças - mas que acãotecimento tão fortuito!
Havia bicharocos desde o pêlo até à cãobeça e passando pelas orelhas; até algumas pulgas instaladas nas suas cuecas rotas e velhas!
O coitado do Cão Vicente tinha bicharada em todo o lado e em todas as patas, inclusive na suplente...a cãomichão era tanta, que ele até ficou doente!
Naquele coça, coça: coça aqui, coça ali - teve de ir a brigada de desinfestacão: eram tantas as pulgas, as cãorraças, os cãorrapatos e as traças, que foi tão preciosa a sua intervencão.
Depois destas desventuras, ele teve de limpar a cela e também ser alvo de desinfecão - e com tanta bicharada, até deu um trambolhão!

As Novas Aventuras do Cão Vicente


E, no seguimento, desta saga cãosistente, cá temos de novo o famoso e intrépido Cão Vicente, que, para além de malandro, também é aldrabão e insolente.
Após, as suas cãotinuadas aventuras: os cãosamentos falhados e as cãofusões habituais; o cão decidiu apostar em experiências mais negociais.
De fato, todo aperaltado; todavia, com a gravata ponta abaixo, ponta acima, lá ia o nosso cão, todo contente, a dobrar a esquina!
Lá, na esquina, estava uma cadela com ar de cãocumbina; mas era uma prostituta de tão cãoceituada área fina. Como qualquer cão malandro que se preze, ele cãotrapiscou-lhe o olho; porém, havia um grande problema: o Cão Vicente não tinha dinheiro para o prazer e ela mandou-o... - bem é melhor não escrever!...
O cão pensava ser empreendedor e voltar a ter um negócio; mas para isso, precisava de um sócio.Já bastava a experiência falhada, que lhe deu cabo de toda a cãotabilidade pessoal, quando decidiu antes ser empresário em nome individual.
Nem ele sabia bem que negócio abrir, talvez uma cãofeitaria, uma empresa de cãofeccção, mas o quê? Era tão mau gestor, aquele cão...que em tudo o que se mete é uma descãosolação.
Mas cãotagiado pelo mundo empresarial, ele queria era lucrar num negócio fenomenal.
Mas quem quereria ser sócio daquele aldrabão: era, de facto, um cãotrasenso e pairava no ar dívidas até mais não!
Ele nem sabia que tipo de sociedade iria formar: pensou na cãomandita, mas em ser cãomanditário e não cãomanditado, mas, entrar com cãopital?! Nem tinha dinheiro nem lhe concediam crédito nem para cantar o fado! Então, pensou num plano muito cãoturbado.
Ou pensou numa sociedade por quotas, mas quem queria ser sócio dele? Nem com ele às cambalhotas.
Então, arquitectou, um cãopleto plano com um cãogressista aldrabão: que era uma mistura de deputado com cãotrabandista e ladrão.
Depois pensou criar antes, uma empresa daquelas de esquema piramidal, onde o intuito era só lucrar ele de forma cãosensual.
Nem sabia bem que ramo escolher - já tinha tido, anteriormente, tanto cãotratempo e fazia tudo mal...que inclusive ia parar sempre ao hospital.
Resolveu, então, que aproveitaria uma ideia maluca e aproveitou a ideia de outra pessoa de forma astuta! Ouviu alguém falar em pensos com sabor e com cheiro, que logo pensou em fazer com isso, dinheiro!
E, lá maquinou o esquema naquela cabeça torta e com uma ideia tão cãotagiante que pensou que tinha descoberto a pólvora naquele instante!
Foi procurar um sócio e o Cão Crodilo aceitou, depois de muitos cãonhaques , que já nem sabia o que dizia enquanto dava uns traques.
Lá decidiram então pelos pensos com cheiro e com sabor e, resolveu vender também uns cãoplementos de sabores frutados que punham os cãosumidores todos ganzados!
Uma alma desmiolada, como o Cão Vicente deu aval ao projecto e ele lá abriu a empresa com um jantar de luxo cãopleto.
Todos os dias passava por aquela esquina e lá estava a tal cadela com ar de cãocumbina: tinha dinheiro e ela fazia o serviço na dita área fina!
Nos primeiros meses tudo bem, mas ele tinha um grande saco azul e os produtos eram cãotrafeitos e, a polícia acabou por mandar prendê-lo e acabar com os seus feitos.
Mas antes de de ir ver o Sol aos quadradinhos, passou por aquela tal zona para si tão cãotagiante procurando a tal cadela de forma cãofiante. Cãoquanto, ela tinha lido o jornal sobre a falcatrua do Cão Vicente e, sabia que ele estava teso de novo a valer, que voltou a recusar-lhe os serviços e mandou-o ir-se àquilo que eu não vou escrever.
Assim, acaba esta nova e cãotagiante aventura do Cão Vicente, preso e cãobalido...agora estava preso e...agora adivinhem vocês a palavra que falta aqui para descrever o sucedido!


As Novas Aventuras do Cão Vicente

As Novas Aventuras do Cão Vicente
A Lua de Mel

Cá se apresenta de novo o Cão Vicente: o cão aldrabão e incãopetente.
         Depois do casamento com a Cadela Cãocertina  - chegou a Lua-de-mel e, rumo ao aeroporto chegaram num carro de aluguel.
         O destino escolhido foi um país um pouco intrigante, pois então; e, rumaram ao Cãosaquistão.
         E lá disse a mãe do Cão Vicente:
 - Mas, desculpa lá, ó filho, mas que ideia é essa de irem para o Cãosaquistão?
         Então, lá respondeu ele todo cãotorcido:
- Não, não, mãezinha – ela é que escolheu e o marido sou eu!
- Caro filho, meu grandíssimo cão -estás a ser incãogruente e palermão. Não sejas totó ou daqui a pouco ela ainda te põe a dançar o forró!
         Não havia mesmo volta a dar: o destino era mesmo tal país e, não  havia volta a dar. Chegou por fim, o dia de data tão cãovidativa: o avião partiu e já não havia mais saída!
         À chegada do aeroporto do destino de mel – encãotrava-se uma cadela cãotorcionista de nome Maribel. Ao lado dela tocava um acãodeornista: piscou o olho à Cãocertina à espera da cãoquista!
         À chegada ao Hotel Cãotinental tinham um quarto perfumado: com pétalas de rosas vermelhas – local ideal para um casal enamorado. O ambiente era cãodizente com o amor do Cão Vicente: porém, Cãocertina não estava cãotente.
         Em baixo da cama e estragando o cãopenetrado ambiente, estava uma horrível e nojenta barata! Mas que bicharoco deprimente!
         Este bicho cãospirador estragou o ambiente ainda pacato: a cadela passou-se dos carretos e exigiu um quarto mais barato.

         Então, o cão dirigiu-se à recepção e foi reclamar:
- Com um bicho desses recuso-me a pagar: ou dêem-me um quarto novo para podermos ficar. Então, a recepcionista toda galante pediu o número de cãotribuinte e mudou-os de poiso num instante.
         Depois do nojento incidente, a Cadela fez uma cãofissão: não era a primeira vez que estava na cama com um cão. Depois de muita cãoversa, o Cão Vicente, a situação, entendeu: -afinal, agora quem está com ela sou eu!
         Depois de tanto palavrório lá passaram à acção: a noite foi muito louca, mas descobriram um senão: escondida e a rezar o acto de cãotrição – estava a mãe da Concertina, a Dona Umbelina. Mas que grande cãofusão!
         Mas que cãopanhia inusitada, o que fazia ali a sogra emperuada?!
 - Mãezinha, o que fazes aqui e como cá vieste parar?
- Eu vim na tua mala e sem ar cãodicionado, mas resolvi vir para cãotrolar esse desgraçado!
- Mas, mãe, eu já sou uma cadela casada – não faz sentido estares aqui e nem faz nenhum sentido. Eu agora tenho um marido!
- Um marido prepotente e aldrabão…e não digo mais nada, ah pois, não!... Atchim, atchim…e lá apanhei uma valente cãostipação!
         Farto da sogra coscuvilheira, lá cãotrapôs o Cão Vicente:
- Ó D. Umbelina, mas que mulher deprimente: vá-se embora daqui antes que lhe afinque o dente!
- Ó querido – disse a Cãocertina, não fales assim com a mãezinha: ela fez mal mas é boazinha!
- Ela é mas incãoveniente: e ser boa é cãotradição: se não queres que ela saia, eu vou tomar o avião!
 - A mãezinha fica e pagamos-lhe um quarto de hotel e fará alguma cãopanhia. Ou será ousadia?!

 - Olha, Cãocertina, com ela não fico: isto até parece cãogeminação: se queres fica tu com ela que eu vou embora, pois então!
E a lua-de-mel lá ficou estragada e, no caminho, ele também apanhou uma cãogestão: não poderia ter corrido pior esta viagem de suposta animacão!

         E lá terminou esta viagem atribulada: cão uma sogra assim, não há cãosamento que resista, ou será que ainda haverá hipótese de recãoquista?!

As Novas Aventuras do Cão Vicente


           



As Novas Aventuras do Cão Vicente


O NOVO CÃOSAMENTO


     Eis, de volta, o Cão Vicente, o cão aldrabão e prepotente!
   Ele já tinha experimentado o cãosamento. Casou com a Cadela Vaidosa, mas foi um tormento. Acabou por pedir o divórcio; ela trocou-o por um cão chamado CãoSórcio!
     O Cão Vicente queria mudar de vida, mas foi só fogo de vista: ela podia ser vaidosa; todavia, ele andava na cãoquista! Ele também era vaidoso e não havia cãoparacão: ele era o cão mais narcisista e aldrabão!
      O cãoceito dele, era o dinheiro gastar e, tal como a sua cãopanheira: era só esbanjar!
      O cãosamento não durou muito tempo; pois eram cabeças de vento e não houve entendimento.
O divórcio foi  muito cão-sensual e foram os dois parar ao hospital! Foi assinada uma espécie de cãocordata; mas a bagunça foi tanta, que até ficou coxo de uma pata!
      Nessa altura, ele cãosultou o pouco que restava da sua cãosciência e resolveu procurar alguém com experiência. Procurou o Cão(Guru), que além de não o ajudar, ainda lhe deu um pontapé no tutu!
       A vida do Cão Vicente já estava uma porcaria; agora com o divórcio foi morar com a sua velha tia. Ela era chata e cruel; ele decidiu morar num hotel!
    No hotel conheceu a Cadela CãocerTina, que era muito bonita e pequenina! Ficou logo enamorado; cãoquanto, ela não achou piada e deixou-o todo inchado!
         Para dar nas vistas até se pendurou num cãodeeiro, mas calculou mal o trajecto e bateu com o traseiro! Depois de tanto esforço -ela lá foi na cãoversa e marcaram o cãosamento mesmo assim à pressa!
        Cãosaram no hotel num dia cãoturbado;  porque depois desse dia, o hotel iria ser fechado. Cãosultaram um padre e o Cão Crodilo; que já era cãosado há muito tempo e percebia daquilo!
          O cãosamento  foi num dia acizentado. Chovia muito e ele ficou todo enlameado! Ele estava muito nervoso e cão(feriu) as horas e não entendeu o porquê das demoras!
      O CãoPadre já estava ali para a cãocelebracão da cerimónia e já estava farto de tanta parcimónia!
            Entretanto, apareceu a Cadela CãoCertina: estava vestida de branco e estava um espanto!
           O Cão Vicente até ficou descãocentrado: ela estava tão bela e, ele, toda ensopado!
           E, assim, se cãosaram naquele dia abençoado e molhado... Será que o cãosamento irá  ser curto ou irá ser demorado??
             
   
      
     
      

As Novas Aventuras do Cão Vicente 2

Cá temos de novo, as aventuras de um cão inexperiente, além de cãovencido, ele era também prepotente!
Como sabem o Cão Vicente, apesar do nome, não era nada cãovicente. Cada vez que ladrava era deprimente!
Tinha a mania que era um grande cãodutor, mas não sabia cãoduzir evê-lo a tentar cãoduzir, era de partir o coco a rir!
Ele cãofundia a embraigem com o acelerador e acabava sempre por pifar o motor!
Era um cão muito cãopulsivo e, na estrada ele era um verdadeiro perigo!
Como não tinha carta de cãodução, apanhou uma multa valente e, por essa razão, foi tirar a carta na «Escola de Cãodução Cãopetente».
Mas, como sabem, o Cão Vicente não tinha boa cãoduta, logo, acabou por tirar a carta de forma muito astuta. Subornou o instrutor com uma cãosiderável importância, apelando assim à sua ganância!
Não tardou muito, o cão já cãoduzia e, por ser tão aselha, atropelou a sua tia! Esse foi um momento de cãosternação, mas um cão polícia, tirou-lhe a carta e, assim, acabou-se a cãofusão!
Como não podia cãoduzir, resolveu de novo ser escritor, dando cãotinuidade a um projecto que ele achava de valor! Então começou a escrever as suas memórias numa espécie de cãopilação, mas dava tantos erros e foi uma verdadeira descãosolação!
Por se achar o melhor, pensou, que o infortúnio era fruto de uma cãospiração, mas era tudo imaginação!
Até os seus cãotactos acharam que os textos não estavam em cãodições. Chegaram a um cãosensoe mandaram-no encher balões!
Descãotente, o Cão Vicente foi habitar para um cãocelho vizinho, para um cãodomínio de luxo mas um pouco pequenino!
Apanhou uma cãostipação, por se ter molhado na piscina no Inverno. Foi parar ao hospital, mas que verdadeiro inferno!
Decidiu, então mudar de vida: a sua estava muito indefinida!
Agora, tinha decidido ser cãostrutor, mas começava as casas, pelo telhado. Que ideia mais idiota a deste desgraçado!
Por não ter juízo, cãotraiu dívidas de grande montante e, para se pagar as dívidas, foi trabalhar num restaurante. Tinha direito ao cãoduto e à sobremesa, mas a ideia dele era chegar a gerente, com toda a certeza.
Mas não conseguiu chegar a gerente. Foi despedido por ser incãopetente! Só fazia asneiras e avariou o cãoputador. A sua passagem pelo restaurante foi um terror!
Triste, mas ainda com algum dinheiro decidiu viajar: embarcou num cãoboio para nunca mais voltar!
Nessa viagem, aproveitou para pensar. Então, pensou que seria melhor mudar de vida para poder alcançar o seu lugar.
Decidiu que tinha mesmo de ser um CãoVicente e, que enganar os outros e ser aldrabão, era uma coisa deprimente!
Decidiu voltar para a sua terra natal, ficando na casa de um cãopadre muito bonacheirão, que lhe disse assim, pois então:
– Cão Vicente, o que se passa cãotigo? – Não queiras ser o que não és, não mintas, não aldrabes, meu amigo!
E, ele, prometeu mudar, mas primeiro foi ao padre se cãofessar!
Nunca passem por ser o que não são, não mintam, não sejam aldrabões, pois além de feio só se metem em cãofusões!

O CÃO VICENTE 1

CÃO VICENTE
Era uma vez num cãotinente distante um cão que era emigrante.
Sonhava ser cãotor, mas que grande cãofusão: latia tão mal, o pobre do cão.
            Ele não era nada cãovicente! E o nome dele era Cão Vicente. Latia tão mal e tão desafinado, que até deixava o público cãosado.
Sonhava ser de uma grande empresa, o presidente, por isso cãodidatou-se a um cargo de gerente. Mas era um cãodidato um pouco fatela e quem ganhou o lugar foi uma cadela.
Mas ele queria muito cãoquistar o lugar, que acabou mesmo por o ganhar.
Agora que era presidente participava em muitas cãoferências importantes, mas adormecia em todas, pois as achava fatigantes.
Passava horas ao cãoputador. Estava fatigado. Afinal ser presidente era cãoplicado!
Como presidente era sempre cãovidado para festas e não tinha cãopanhia, ia sempre acompanhado pela sua velha tia.
Ser presidente era uma cãoseira tão grande, que ele decidiu ser cãopositorcãopor músicas e sercãotor.
cãotilena era de tão má qualidade, que todos saíam a gritar nas calamidade!
Tal era a chinfrineira que até o som de uma cãopainha era mais à maneira!
Depois viu também que era cãoplicado ser cãopositor, que decidiu ser cãopitão de uma grande embarcação.
Depressa a embarcação se afundou. Também era cãoplicado ser cãopitão, decidiu parar uma pouco para férias, pois então.
O Cão Vicente foi à lua num foguetão, que era tão cãoprido e a viagem foi tão atribulada e ele não ficou nada cãotente com esta viagem marada!
Quando, finalmente a viagem se deu por terminada, ele cãopreendeu que a sua vida estava errada.
Decidiu mudar de vida e foi cãoquistar, mas antes precisava de uma cãopanheiraencontrar.
E lá apareceu a Cadela Vaidosa que gostava de ir às cãopras e era muito jeitosa.
Ela ia ajudar o cão na cãotinuidade de um projecto de solidariedade e assim o cão Vicente cãocluiu que essa era a sua vontade.
O Cão Vicente era um grande cãopanheiro. Casou-se com a Cadela Vaidosa e tornou-se carpinteiro.
Eis aqui algo que era diferente, mas foi aqui que ele foi mesmo cãovicente.
Finalmente descobriu o seu lugar e estava tão feliz que até aprendeu a cãotar!

Soneto - Violência Doméstica

No corpo, marcadas feridas,
Entranhas na pele da alma...
Que nunca serão esquecidas...
Nem quando a dor abranda!

Bater, controlar, humilhar...
Isso é violência:não é amar...
Obsessão, doença, desamor,
Afogando a vítima no mar da dor!

Homens, mulheres a sofrer...
Na negritude do sofrimento...
Cicatrizes negras do pensamento!

Cicatrizes num corpo alanceado...
Violência doméstica é um crime,
Que deve ser denunciado!

O Monstro do Desemprego

ERA UMA VEZ neste país, um monstro aterrador :
O monstro do desemprego, que voa por cima de nós, sem medo…
Monstrengo feio e que causa tormento: criatura atroz que traz sofrimento.
Criatura insana e temível, mascara-se por aí de forma incrível.
Monstro que se mascara e, que pode enganar, fazendo com que quem precise se vá enganar.
Podemos encontrá-lo nas empresas fraudulentas, que podem levar ao engano, pessoas menos atentas.
Por isso, devemos os outros informar, para este ser monstruoso, não nos poder enganar.
A união faz a força – o ditado já é antigo e é uma boa forma de combater este gigante destemido.
Tu, criatura feia que te gostas de discriminar, quem achas mais velho, como se fosse um elo mais fraco a eliminar.
Também discriminas quem tem menos idade, discriminando sem dó nem piedade.
Queres experiência e muitas vezes discriminas quem mais a tem. Se a pessoa, não a tem, a experiência esperada, como a vai alcançar se para trabalhar, não é contratada?
Por que é que tu, ó famigerada criatura, não tratas quem precisa com a leve brandura?
Há muitos candidatos a um emprego, maior competitividade, mas as pessoas só querem uma oportunidade.
As coisas têm de mudar, mas por que é que em muitas empresas, são máquinas e não pessoas que escolhem quem entrevistar?
Bem sei, que é muita gente e é preciso aligeirar, mas é uma forma tão impessoal, para um candidato, tratar!
Máquinas, fazem falta, sim. Mas pode tornar as coisas numa impessoalidade sem fim.
Elas também podem substituir o trabalhador, fazendo com que mais gente se sinta sem cor.
Monstrengo cruel, reles criatura, há muita gente a passar fome e necessidades por causa da tua loucura.
Monstro que te disfarças nas políticas sem meta, que tanto o desempregado, afecta.
Não tens dó nem piedade, de quem procura o Sol e só leva com a tempestade?
Depois da tempestade, virá a bonança? Temos de acreditar que sim: a vida também é esperança.
Mas a vida de quem não tem emprego é tão extenuante, que muitas vezes, chega a ser desesperante.
Não ter vintém para ir mais além. Não poder comprar a alimentação que nos sustém.
Tanta gente já a sofrer necessidades, com filhos, contas para pagar, alimentação… desesperando por oportunidades.
Mercado saturado, competitividade extremada, mas a pessoa desempregada só quer uma oportunidade para ser notada.
Carta de apresentação e currículo serão os mais adequados, mais uma questão a pensar, pelos malfadados desempregados.
Uma carta de apresentação e um currículo podem fazer a diferença, mas até lá a vida do desempregado parece sentença.
Monstrengo, monstrengo, até aqui te transfiguras, que tipo de currículo escolher para evitar amarguras? Será que queres originalidade? Ter originalidade - é bom, mas para o desempregado o tempo passa e cada vez é mais tarde.
Monstro cruel, tu podes ser vencido, o desempregado que se preze luta e é destemido.
Pode sentir, muitas vezes desilusão, mas a esperança não morre, se semearmos o fruto bom.
Quem semeia, colherá, essa é uma verdade…Para quem é desempregado e luta – o trabalho, um dia, será uma realidade!
Nunca percam a fé – ela move montanhas, pode vencer o monstrengo e ferir as suas entranhas.
Lutem que um dia vão conseguir passar além da dor e vencer este novo Adamastor!

Um Conto de Arrepiar

Num mundo de bruxas, fantasmas, vampiros, morcegos e todo o tipo de criaturas terrificamente assustadoras, destacava-se uma bruxa muito muito feia, aliás feíssima – tão feia que até metia dó! Era verdadeiramente assustadora. Tinha um aspecto cadavérico, esquelético, mirrado, mortal, descarnado, escaveirado, esquálido. O seu nariz pontiagudo parecia um apaga-velas: estava amarelecido, enrugado, encrespado, engelhado, enquerquilhado e enrufado.
Os seus olhos negros espelhavam o terror: até saíam das órbitas. O cabelo era um verdadeiramente nojento: não lavava o cabelo há anos. Era um cabelo tão seboso que até parecia que escorria banha de porco por ele abaixo. Mas que ensebado, que sebento, que gordurento!
A bruxa habitava numa velho casebre abjecto e partilhava residência com morcegos, sapos e outras criaturas nauseabundas. Dormia dentro de um enorme barril cheio de teias de aranhas com aranhas daquelas bem nojentas, peludas e carnudas!
Havia mesmo tanoarias ao pé e a esse ser feioso e nojento foi lá roubar um grande barril para ser o seu leito de terror!
Ao lado tinha outro barril, mas cheio de vinho do Porto, que ela bebia sofregadamente e apanhava mocas valentes. Ela também fumava marijuana: andava sempre na ganza e sempre alucinada. Por vezes fazia fogueiras e queimava a maconha e os seus vizinhos do cemitério ao lado ficavam todos marados.
Comia coxas de rã, asas de morcego, sapos, larvas e toda a espécie de seres asquerosos, hediondos, imundos, nauseantes. Fazia uma sopa bolorenta com asas de morcego, larvas e todo o tipo de bichinhos. Depois fazia um prato com coxas de rã com minhocas e metia no meio de um pão preto como o carvão. Aliás, os dentes da bruxa também eram pretos como tição!
Junto à velha tanoaria existia um cemitério! Era Dia de Halloween – como sempre, por volta da meia-noite (mais coisa menos coisa), zombies, fantasmas e todo o tipo de criaturas horrendas e amarelentas saiam dali prontas a assustar os humanos. A bruxa não gostava nada de concorrência! Era invejosa e muito mázinha!
Naquela noite, estes seres saiam dos cemitérios e iam assustar os humanos mais incautos; a bruxa, por sua vez, passava a vida a pregar partidas: doces ou travessuras; porém os seus doces estavam embruxados e tinham por cima uma espécie de gosma.
Os pescadores, os tanoeiros e todos os habitantes daquela pequena cidade, já estavam cansados das tropelias e das maldades da bruxa Tuxa –era este o nome de tão cruel, insensível, malvada, seca, má, áspera, descarinhosa, e ríspida mulher que praticava bruxaria.
Tinha gosto em poluir os cursos de água da pequena cidade com as suas poções. A Barrinha da cidade, apesar de ainda bela, estava suja por causa das nojeiras com propriedades mágicas malignas que esse ser bruxento colocava nas águas.

No País dos Cozinhados -a Receita Secreta

No País dos Cozinhados – As Receitas Secretas

Era uma vez lá naquele «país», por vezes inóspito que é a Cozinha, situada na Avenida dos Cozinhados – perdida entre tachos, panelas, talheres e outros objectos de cozinha, que com uns 8 anos, resolvi experimentar cozinhar.
Nunca o tinha feito antes, mas estava atenta a ver sempre como a minha avô e a minha mãe, o meu pai e a minha irmã mais velha, faziam. Então, numa noite, cansada de esperar e cheia de fome e como os meus pais e a minha irmã nunca mais vinham -decidi tentar cozinhar. Já era tarde e a hora do jantar já ia passando.
Estávamos em 1988, (e por todo o país não havia os hipermercados e grandes superfícies que há hoje). Por estas bandas o mais perto que existia era em Matosinhos e, nesse dia, estava tanta gente que foi uma verdadeira aventura para eles chegarem à caixa e pagarem a despesa feita. Eu estava em casa cheia de fome e o estômago já reclamava. Então, como tinha lá fêveras já temperadas, só achei que devia juntar arroz e um ovo estrelado. E, lá fui eu tentar cozinhar lembrando-me do que via todos os dias atentamente na cozinha e ouvindo o que me diziam. E também fiz arroz que chegasse para todos. E não é que a coisa me saiu bem!
Esse foi o início das minhas aventuras no País dos Cozinhados!
Entretanto, já estávamos em 1988 e, a minha adorada e sábia avó, já tinha partido; mas deixou o seu legado. A minha avó teve uma mercearia e também cozinhava lá para as pessoas. Passou esse gosto para a minha mãe e depois foi passado para mim, para a minha irmã também. O meu pai também sabia cozinhar: obra e graça da sua mãe e irmãs – que não se importaram que ele fosse um homem e também o ensinaram a cozinhar.
Como é óbvio por cá todos tinham o gosto por preparar manjares e aconchegar o estômago e, claro está a alma, porque em cada cozinhado não devem faltar os seguintes ingredientes secretos (e digo secretos, porque estes não vêm apontados nos diversos livros de receitas – alguns até célebres escritos por cozinheiros ou chefes de cozinha conceituados); porém ali, não constava como parte integrante do receituário o seguinte: uma grande dose de amor, uma pitada de carinho polvilhada de dedicação e aqui não há q.b, pois, estes ingredientes nunca são demais.
Estes ingredientes nem sequer deviam ser considerados secretos; todavia fazem a diferença e nem toda a gente, entendeu isso ainda: não basta cozinhar por cozinhar, só para satisfazer os desejos do corpo. Uma boa comida temperada com os ingredientes acima citados faz toda a diferença no sabor e, isso tem reflexos na alma!
Muitos tentavam encontrar o/ou os ingredientes secretos para uma receita igualmente secreta ou não, como se fosse um processo de alquimia dos cozinhados; ou como se procurassem infindamente o Santo Graal das receitas e das comidas de excelência. Era, como se procurassem há milénios os ingredientes secretos que tornassem os cozinhados únicos e com aquele gosto especial que não encontravam em mais lado nenhum.
Parecia que esses cozinheiros alquimistas, que procuravam os ingredientes ideais para uma receita dos Céus, se debatiam entre fórmulas, poções, elixires…mas sem nunca entender que os ingredientes secretos estavam mesmo debaixo do nariz. Dava a entender que seria preciso, lhes chegar a mostarda ao dito órgão do olfacto – que é também a principal via de passagem do fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Mas não cheiravam nada!
A cozinha deles devia assemelhar-se a um laboratório, no qual os ingredientes secretos teriam de passar por processos químicos. Sim, cozinhar, também tem a ver com Química. A cozinha, de facto, é um laboratório onde processos químicos acontecem. Mas será que no meio desses processos também não se deve entrar amor, carinho e dedicação?!
Ora, lá está: estes ingredientes são importantes em tudo e não é só na cozinha. São necessários em tudo na vida. Sem eles, a vida não faz nem pode fazer sentido.
Mas vamos ao que interessa. Certamente já se estarão a perguntar:
– Mas tanta lengalenga e qual é a receita secreta dela?!
Pois bem, a minha receita é algo muito simples e na qual se aproveita o que sobrou de uma refeição anterior. É um pecado estragar comida que sobra e que pode ser reutilizada. É como se fosse uma a regra dos três «R» mas aplicada à cozinha: Reduzir, Reciclar, Reutilizar.
Ora, a receita simples é esta (a ressalvar que foi passada pela minha avó e depois repassada às mulheres das gerações mais novas): aproveitar as carnes que sobram de um Cozido à Portuguesa ou de outro prato em que sobrem carnes. Podem acompanhar depois com arroz, salada, batatas fritas, batatas cozidas, legumes, com o que quiserem.
A receita como disse é simples. Por aqui chamamos «pastelão» e o que é um pastelão? Sim, é, no fundo, um pastel grande. E como se faz?
Os ingredientes para 4 pessoas são em média os seguintes (depois cada um verá melhor se precisa ou não de reajustar)
• Sobras de carne (depois esfiada ou picada)
• Uma cebola pequena picada
• Sal (se necessário)
• Pimenta q.b
• Salsa picada
Modo de preparação:
Pique ou esfie as carnes, junte a cebola picada, sal, pimenta, junte os ovos, misture tudo e por fim junte a salsa picada. Depois leve a fritar.
Sugestão: Se optou por esfiar a carne e/ou se quiser os ingredientes mais bem passados pode usar a varinha).
No que se refere ao Cozido à Portuguesa, também se pode aproveitar o caldo: ou para fazer uma açorda com pão recesso ou para fazer uma sopa usando o caldo do cozido, o que sobrar de batatas, cenouras e couves.
Para a açorda basta guardar um pouco da água do cozido e juntar pão recesso fatiado e uma folha de hortelã.
No que se refere ao caldo, basta juntar umas massas mais grossinhas e faz um bom caldo com algo muito simples.
As receitas não precisam de ser complicadas. Já a Maria de Lurdes Modesto já fazia receitas aproveitando o que sobra. A Filipa Vacondeus, também e cada vez mais se nota a tendência, sobretudo nestes tempos que se dizem de crise. Tempos, estes, em que o desemprego bateu sem pedir licença a muitas portas e torna-se muito difícil a muita gente ter sequer o que comer. Então, há que aproveitar mais do que nunca o que houver.
Não devemos estragar e esbanjar comida: quantas e quantas pessoas por esse mundo fora e até mesmo em Portugal, ficariam satisfeitíssimas nem que fosse com uma sobra de comida.
Depois há outro ingrediente secreto que se pode colocar nos pratos que preparamos: a criatividade! Uma dose de criatividade pode fazer a diferença. Claro que só deve ser usada em quem gosta de inovação e de criatividade. Quem goste somente do tradicional sem mexidas, certamente a apreciará pouco as inovações.
Não escolhi o bacalhau, fiel amigo de muitas receitas. Dizem que são 1001 receitas com este nobre peixe. Até podem ser mais, mas decidi escrever sobre estas receitas muito simples que se fazem aqui em casa e que, são nossas, de certo modo.
Evidentemente que num pequeno país como Portugal, a diversidade gastronómica é imensa e varia de região para região; até mesmo de terra para terra e do continente para as ilhas.
Quem nos visita regozija-se com os nossos manjares. E com razão.
Mas não há nada como os almoços e jantares com aqueles que amámos: aqueles almoços ou jantares de família e entre garfadas se conversa e se convive, como se entrássemos num outro mundo: um mundo de comidas, comensais e convívio em redor de uma mesa.
Por que não num almoço, lanche, ou jantar desses grandes ladeados de família e/ou amigos não servir, por exemplo, os pastelões como prato principal? Mas penso que estes pastelões deveriam ter um nome não acham?! E não há nome melhor que o da minha avó – afinal foi ela a mentora e foi ela quem passou a receita. Sem ela, a receita não teria chegado até mim. Sendo assim, como homenagem à minha avó, tomo a liberdade de nomear os pastelões e coroa-los como numa cerimónia em que se nomeia um novo rei, com o nome: «Pastelões da D. Maria Amélia»!
Claro, que estes pastelões merecem ser coroados neste reino de receitas e, afinal, Amélia também é nome de rainha e a minha avó era a Rainha dos Cozinhados e não só: era uma verdadeira rainha em todos os aspectos. Para isso, não é preciso coroa de diamantes: os melhores diamantes são os bons sentimentos que guardamos dentro de nós.
E num tão grande «repertório» de receitas que existem em Portugal: entre carnes, peixes, mariscos e deliciosas sobremesas, deixo sugestão de uma que é do meu concelho – o concelho de Ovar e apreciem o famoso Pão-de-Ló de Ovar – um verdadeiro manjar dos Deuses!
Ingredientes para 12 fatias:
• 125 g de farinha
• 18 gemas
• 250 g de açúcar
• 5 claras
Confecção: Ligue o forno a 180º. Bata as gemas e as claras com o açúcar durante alguns minutos até obter um creme espesso.
Adicione a farinha e bata lentamente. Unte uma forma (22cm de diâmetro) e forre-a com papel vegetal.
Deite a massa na forma e leve o pão-de-ló e deixe cozer por 15 minutos. Deverá desligar o forno após o tempo de cozedura e deixar a porta do forno aberta. Retire o bolo somente quando o forno estiver frio.
A superfície do bolo deve ficar húmida. A massa deve parecer mesmo que não está totalmente cozida, mas é mesmo assim, porque assim permite que o bolo esteja húmido no dia seguinte.
Comer aguça os paladares e é sem dúvida um dos muitos prazeres que levamos desta vida: como moderação, com dias também para «fazer asneiras», mas sem nunca esquecer que o ingrediente mais valioso que deve ser colocado em tudo na vida é o amor e a prescrição é infinita.
É no «país», por vezes inóspito que é a Cozinha, situada na Avenida dos Cozinhados – perdido entre tachos, panelas, talheres e outros objectos de cozinha, que cada alquimista dos cozinhados – deve saber que tudo deve ser feito com alma e coração. Não há poções mágicas: ao saber fazer, àquela receita especial (porque todas as receitas feitas com amor são especiais), nunca deve faltar: amor, carinho e dedicação.
Assim, salgando e adoçando o corpo, tocando o coração e afagando a alma se pode fazer da receita mais banal a receita mais gostosa que há memória. Teremos o segredo principal- aquele que fará toda a diferença.
E, por conseguinte, foi mesmo no País dos Meus Cozinhados que os ingredientes, por vezes esquecidos foram quase secretamente partilhados!