quarta-feira, 8 de abril de 2015

Um Conto de Arrepiar

Num mundo de bruxas, fantasmas, vampiros, morcegos e todo o tipo de criaturas terrificamente assustadoras, destacava-se uma bruxa muito muito feia, aliás feíssima – tão feia que até metia dó! Era verdadeiramente assustadora. Tinha um aspecto cadavérico, esquelético, mirrado, mortal, descarnado, escaveirado, esquálido. O seu nariz pontiagudo parecia um apaga-velas: estava amarelecido, enrugado, encrespado, engelhado, enquerquilhado e enrufado.
Os seus olhos negros espelhavam o terror: até saíam das órbitas. O cabelo era um verdadeiramente nojento: não lavava o cabelo há anos. Era um cabelo tão seboso que até parecia que escorria banha de porco por ele abaixo. Mas que ensebado, que sebento, que gordurento!
A bruxa habitava numa velho casebre abjecto e partilhava residência com morcegos, sapos e outras criaturas nauseabundas. Dormia dentro de um enorme barril cheio de teias de aranhas com aranhas daquelas bem nojentas, peludas e carnudas!
Havia mesmo tanoarias ao pé e a esse ser feioso e nojento foi lá roubar um grande barril para ser o seu leito de terror!
Ao lado tinha outro barril, mas cheio de vinho do Porto, que ela bebia sofregadamente e apanhava mocas valentes. Ela também fumava marijuana: andava sempre na ganza e sempre alucinada. Por vezes fazia fogueiras e queimava a maconha e os seus vizinhos do cemitério ao lado ficavam todos marados.
Comia coxas de rã, asas de morcego, sapos, larvas e toda a espécie de seres asquerosos, hediondos, imundos, nauseantes. Fazia uma sopa bolorenta com asas de morcego, larvas e todo o tipo de bichinhos. Depois fazia um prato com coxas de rã com minhocas e metia no meio de um pão preto como o carvão. Aliás, os dentes da bruxa também eram pretos como tição!
Junto à velha tanoaria existia um cemitério! Era Dia de Halloween – como sempre, por volta da meia-noite (mais coisa menos coisa), zombies, fantasmas e todo o tipo de criaturas horrendas e amarelentas saiam dali prontas a assustar os humanos. A bruxa não gostava nada de concorrência! Era invejosa e muito mázinha!
Naquela noite, estes seres saiam dos cemitérios e iam assustar os humanos mais incautos; a bruxa, por sua vez, passava a vida a pregar partidas: doces ou travessuras; porém os seus doces estavam embruxados e tinham por cima uma espécie de gosma.
Os pescadores, os tanoeiros e todos os habitantes daquela pequena cidade, já estavam cansados das tropelias e das maldades da bruxa Tuxa –era este o nome de tão cruel, insensível, malvada, seca, má, áspera, descarinhosa, e ríspida mulher que praticava bruxaria.
Tinha gosto em poluir os cursos de água da pequena cidade com as suas poções. A Barrinha da cidade, apesar de ainda bela, estava suja por causa das nojeiras com propriedades mágicas malignas que esse ser bruxento colocava nas águas.

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