quarta-feira, 8 de abril de 2015

Um Conto de Esperança

Um Conto de Esperança
Era uma vez dois países: o Desemprego e o Emprego.
Eram países vizinhos, mas lógico, será dizer que as relações que mantinham não eram nada cordiais. Lógico, será dizer também que a inveja vinha da parte do Desemprego.
No País do Emprego, as pessoas estavam felizes, sentiam-se realizadas. No país vizinho, era exactamente o oposto.
Era um país cada vez com menos esperança, cada vez mais triste e sem futuro.
As pessoas desejavam mudar para o País do Emprego onde a felicidade e a sorte pareciam sorrir.
No país da tristeza e do desolamento, era cada vez mais difícil as famílias terem o sustento necessário, Era muito triste, quando faltava o essencial, quando poderia faltar para os filhos. Nem se importavam que faltasse para eles, mas para os filhos, não. Tanto sacrifício, tanta luta, mas, não, os filhos não podiam passar fome. A luta era diária, mas nem sempre, podiam evitar isso.
Felizmente, também havia gente que dava a mão e que a ajudava, mas o essencial era ter um emprego que permitisse sustentar a família e cobrir as despesas diárias…as despesas comuns.
No País do Desemprego, não tinham emprego, tanto mulheres como homens. Não tinham os novos, não tinham os mais velhos. A experiência, muitas vezes, não era tida em conta, apenas a idade, como se isso fosse o mais importante. Os mais jovens nem oportunidades tinham para ganhar a dita experiência.
Os novos eram considerados velhos para trabalhar e muitas vezes mal tinham passado dos 30. Depois dos 45 anos, aí, era pior. As pessoas sentiam-se perdidas. Ou eram novas demais ou eram velhas demais e o desespero começava a tomar conta delas.
Sentiam-se pessoas capazes, bem capazes e queriam trabalhar.
Mas não lhes eram dadas oportunidades e elas desesperavam por um posto de trabalho, por ganhar o vil metal que lhes garantisse o mínimo dos mínimos. Todavia, muitas vezes, nem isso, existia.
Viviam num país traçado a cinzento, que estava triste e sombrio. Do outro lado, residia a esperança.
Muitos tentavam passar para o país vizinho: uns com sucesso, outros sem sucesso.
O País do Emprego já não estava a conseguir albergar tanta gente. Era já insustentável para o país ter tanta gente lá e começava o trabalho também a faltar.
Então, o Presidente do País do Emprego, foi pedir cooperação ao País do Desemprego, mas este não só não o ajudou, como também cheio de raiva e inveja e sedento de vingança. lhe ordenou guerra.
E, assim, contra a sua vontade, o Presidente do País do Emprego, voltou triste ao seu país.
Comunicou esta triste notícia ao seu povo.
Do outro lado, no País do Desemprego, também o povo estava triste. Ainda mais triste e infeliz com esta notícia.
As pessoas foram obrigadas a entrar numa guerra que não era delas. Alguma eram amigas e tornaram-se desavindas.
Estavam umas contra as outras, esquecendo-se de que no fundo tinham interesses comuns.
Do lado do Desemprego, usavam as armas do desemprego que tinham: falta de emprego, trabalho precário, fome, despesas que não conseguiam parar. Eram essas as armas lançadas ao País do Emprego.
No País do Emprego, lançavam as armas do bom emprego, da boa remuneração, das grandes empresas que davam condições excelentes aos trabalhadores.
E andavam uns contra os outros: amigos contra amigos, famílias contra famílias.
Um dia, o presidente do País do Emprego, propõe um cessar fogo para resolverem de vez esta questão da guerra. Já estavam cansados de ver o povo sofrer.
Finalmente, sobretudo o Presidente do País do Emprego colocou a mão na consciência e resolveu se unir ao seu vizinho, tal como este último, já lhe tinha proposto.
Decidiram fundir os dois países, tal como se funde uma grande empresa e, aceitado a experiência que tinham do lado do País do Emprego, o presidente do ex País do Desemprego, aceitou cooperar com o seu colega.
Juntos, lutaram contra o problema do desemprego. Entidades patronais, empresas de recrutamento, governo e trabalhadores, entenderam que se deviam unir, porque precisavam uns dos outros e era assim que tinha que ser: um trabalho de equipa, com oportunidades que fossem as mais justas para todos.
Agora o País chamava-se Esperança.
Mas no nosso «verdadeiro» mundo, no mundo real – ele ainda se chama e chamar-se-á Utopia!

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